domingo, 29 de agosto de 2010

Todo ouvidos.
Talvez a vida fosse mais simples se as pessoas soubessem e parassem para ouvir o que os outros têm a dizer, com tanta correria e tantas tarefas a cumprir o dom de ouvir tem sido esquecido, às vezes pensamos que estamos fazendo nossa parte só perguntando: “Oi, tudo bom?” em seguida damos um aceno com a mão e viramos a esquina, seguimos andando e nem paramos para escutar o que o outro tem a dizer, às vezes as pessoas só querem uma pessoa para desabafar e para serem um” todo ouvidos” , mas a nossa ganância por ter dinheiro e sucesso nem ligamos para o que os outros estão dizendo e sentindo.
Sei que a vida é muito corrida e às vezes 24 horas não é suficiente, mas 2 minutos faz muita diferença na vida de alguém que precisa desabafar e expressar o que sente, isso se inicia dentro de nossa própria casa, com nossos filhos e dos filhos para com os pais. Sempre é bom se tornar um “ todo ouvidos” pois assim se ganha a confiança e o apoio dos outros quando chegar a nossa vez de precisarmos desabafar.
No mundo de hoje, cujo é todo em volto em tecnologia, nas quais somos mais amigos de pessoas que moram do outro lado do mundo e nem sabemos quem é o nosso vizinho do lado, nos tornamos marionetes nas mãos da mídia, ligamos mais para termos um sapato bonito ou um carro do que em fazer amigo. A sociedade é muito individualista, que ensina que o que importa é o nosso próprio umbigo, e que os outros vão para o inferno, isso nos distancia de um mundo melhor e mais solidário, por isso há tantas guerras e tanta violência, desse jeito as coisas só pioram.
Quem me dera, ao menos uma vez gritar para que todos pudessem me ouvir e saberem que a única forma de mudar o mundo é que cada um tem que fazer a sua parte. Falta-nos mais tolerância e mais temperança! Então teremos um mundo melhor e mais pacifico!
Mas para isso temos que nos conscientizar de nosso erros, digo isso mais sei dos meus erros e quero começar com as minhas próprias mudanças! Também quero ser um “todo ouvidos”!

Bárbara Bezerra- Ciências Sociais 2010.1

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Construções!

Texto extraído do livro "Perdas & Ganhos", de Lya Luft, 28ª edição, páginas 21-23, Editora Record. 2003.

"A marca no flanco"

"O mundo não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui forma, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
É uma idéia assustadora: vivemos segundo o nosso ponto de vista, com ele sobrevivemos ou naufragamos. Explodimos ou congelamos conforme nossa abertura ou exclusão em relação ao mundo.
E o que configura essa expectativa?

Ela se inaugura na infância, com suas carências sem sempre explicáveis. Mesmo se fomos amados, sofremos de uma insegurança elementar. Ainda que protegidos, seremos expostos a fatalidades e imprevistos contra os quais nada nos defende. Temos de criar barreiras e ao mesmo tempo lançar pontes com o que nos rodeia e ainda nos espera. Toda essa trama de encontro e separação, terror êxtase encadeados, matéria da nossa existência, começa antes de nascermos.

Mas não somos apenas levados à revelia numa torrente.
Somos participantes.
Nisso reside nossa possível tragédia: o desperdício de uma vida com seus talentos truncados se não conseguirmos ver ou não tivermos audácia para mudar para melhor-em qualquer momento, e em qualquer idade.

A elaboração desse "nós" iniciado na infância ergue as paredes da maturidade e culmina no telhado da velhice, que é coroamento embora em geral visto como deterioração.
Nesse trabalho nossa mão se junta às dos muitos que nos formam. Libertando-nos deles com amadurecimento, vamos montando uma figura: quem queremos ser, quem pensamos que devemos ser- quem achamos que merecemos ser.

Nessa casa, a casa da alma e a casa do corpo, não seremos apenas fantoches que vagam mas guerreiros que pensam e decidem.

Constituir um se humano, um nós, é trabalho que não dá férias nem concede descanso: haverá parede frágeis, cálculos malfeitos, rachaduras, Quem sabe um pedaço que vai desabar. Mas se abrirão também janelas para a paisagem e varanda para o sol.

O que se produzir-casa habitável ou ruína estéril- será a soma do que pensam e pensamos de nós, do que nos amaram e nos amamos, do que nos fizeram pensar que valemos e do que fizemos para confirmar ou mudar isso, esse selo, sinete, essa marca.
Porém isso ainda seria simples demais: nessa argamassa misturam-se boa-vontade e equívocos, sedução e celebração, palavras amorosas e convites recusados. Participamos de uma singular dança de máscaras sobrepostas, atrás das quais somos o objeto da nossa própria inquietação. Nem inteiramente vítimas nem totalmente senhores, cada momento de cada dia um desafio.
Essa ambiguidade nos dilacera e nos alimenta. Nos faz humanos.

No prazo de minha existência completarei o projeto que me foi proposto, aos poucos tomando conta dessa tela e do pincel.

Nos primeiros anos quase tudo foi obra do ambiente em que nasci: família, escola, janelas pelas quais me ensinaram a olhar, abrigo ou prisão, expectativa ou condenação.

Logo não terei mais a desculpa dos outros: pai e mãe amorosos ou hostis, bondosos ou indiferentes, sofrendo de todas as naturais fraquezas da condição humana que só quando adultos reconhecemos. Por fim havemos de constatar: meu pai, minha mãe, eram apenas gente como eu. Fizeram o que sabiam, o que podiam fazer.

E eu...e eu?

Marcados pelo que nos transmitem os outros, seremos malabaristas em nosso próprio picadeiro. A rede estendida por baixo é tecida de dois fios enlaçados: um nasce dos que nos geraram e criam; o outro vem de nós, da nossa crença ou nossa esperança."

Ramiro Teixeira.